Sem preparação

 

O capitalismo é o sistema que administra o egoísmo. A "vitória" professada no sistema capitalista é a vitória do mais egoísta.
Mas apenas quando um determinado número de pessoas, uma percentagem expressiva, uma massa crítica, sentir que "o capitalismo está restringindo e tolhendo a minha capacidade de OFERECER AMOR, de DISTRIBUIR AMOR, (em forma de serviços, de trabalhos e produtos), eu quero outra coisa", somente aí, exclusivamente aí, poderá começar uma outra forma (que não sabemos direito qual é) de gerar e distribuir riquezas.
Não adianta ser antes, não adianta "revolução", não adianta quebrar tudo. Enquanto o pensamento da maioria estiver no egoísmo ("Eu quero tudo pra mim" ou "O outro não pode ter mais do que eu"), qualquer revolução vai repetir a história e apenas reorganizar os papéis de explorador e explorado.



Minha resposta:

O capitalismo tende a incentivar o egoísmo, que é diferente de administrá-lo. Talvez um sistema social virtuoso fosse adeque que realmente administrasse ou contivesse nossos arroubos egoicos (como muitas sociedade já fazem por meio de autorregulação), especialmente na perspectiva de cultivar habilidades pós-egoicas e não apenas de reprimir os egocentrismos.

Esperar que as pessoas atinjam um certo nível de virtude para só aí pensar em transformação social, me parece um raciocínio distorcido, que cria uma dinâmica de causa e efeito que não existe.

Um dos insights realmente instigantes da visão integral é que o social, o psicológico, o comportamental e o cultural co-emergem.

(Curiosamente, esse é um aspecto da visão integral recorrentemente negado pelos "integrais" e pelo próprio Wilber. Afinal, você se coloca no mundo como alguém que "transforma consciências" [e vende isso], é grande a tentação de colocar o "ponto de partida" de toda a transformação precisamente aí: na consciência individual [quadrante superior da esquerda] -- a qual, diga-se de passagem, é mais uma abstração semântica do que um fenômeno verificável).

O pressuposto que você colocou para a revolução (uma transformação de "consciência") já é a revolução (porque não há consciência sem cultura, comportamento e o social).

Ou seja, se há uma sociedade em que a a maioria das pessoas ali vivam efetivamente a postura que você mencionou, então ela já chegou onde queria!

Somos egoístas por fatores biopsicossociais, num sistema complexo onde causa e consequência se confundem. Por isso, a "(r)evolução" é também co-emergente. E ela emerge de vários pontos, às vezes aparentemente contraditórios.

Por isso, uma parte importante da nossa responsabilidade para com essa transformação seja simplesmente perceber esse aspecto integrado da realidade. Perceber o que é; agir onde é possível; e deixar as coisas serem o que são.

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